Opinião
Conhecimento a todo custo?
22/09/2023
A produção do conhecimento científico sempre
esteve atrelada a uma atividade árdua e solitária do pesquisador. Isolado da
vida social, envolto em livros, textos, experimentos, dados e gráficos, o
resultado representava uma vitória pessoal e coletiva. Sempre foi também
elemento essencial da pesquisa a ética na coleta e uso das informações.
Atuar com ética, de maneira muito simplória, é
respeitar a moral e as normas de conduta de uma determinada sociedade, é acatar
limites de valores como dignidade, integridade e honestidade; é respeitar os
animais e os seres humanos envolvidos direta ou indiretamente no processo; é
utilizar de fontes confiáveis e respeitar a autoria de pesquisas anteriores,
dando o devido crédito ao pesquisador.
Na atualidade, entretanto, a comunidade
científica lida com um problema ainda sem solução: a produção de conhecimento
científico (há também a expansão da criação de arte) com o auxílio de
inteligência artificial. Sob o comando humano, a máquina é capaz de processar e
minerar dados em velocidade impossível ao ser humano, se utilizando de
conhecimento já produzido disponível na rede para criar algo dito “inédito”.
Mas a quem cabe a autoria de tal produção? É
ético e honesto declarar tal produção inovadora? Não seria desequilibrar o jogo
da pesquisa a utilização de mecanismo capaz de burlar as horas dedicadas à
produção do conhecimento? Qual a credibilidade de um conhecimento criado pela
inteligência artificial? A verdade é que não se sabe a extensão de atuação da
inteligência artificial, muito menos dos riscos decorrentes desta ampliação de
conhecimento.
É inegável a interferência e a necessidade da
tecnologia nos aspectos instrumentais da produção do conhecimento. O que
depende de limite e regulamentação é a “produção intelectual” da máquina, que
se demonstra ferramenta que desrespeita aqueles que dedicam anos de vida à
produção de pesquisa ética e autoral.
Podemos finalizar esta reflexão com frase de
Mario Sérgio Cortella: “É necessário cuidar da ética para não anestesiarmos a
nossa consciência e começarmos a achar que tudo é normal”.
Autor (a):
Carla Destro
Supervisoras de Monografia da Toledo Prudente Centro Universitário