Opinião
A diáspora venezuelana para o Brasil
14/06/2023
A grave crise política, econômica, social e
institucional que assola a Venezuela vem impactando o Brasil, em razão da queda
do preço dos barris de petróleo, a alta inflação, e a falta de produtos básicos
como alimentos, medicamentos e produtos de higiene, a população venezuelana foi
forçada a buscar refúgio nos países vizinhos.
O fluxo de venezuelanos para o Brasil ocorre
principalmente pela cidade de Pacaraíma-RR, que faz fronteira com a cidade de
Santa Elena do Uiáren, Venezuela. Sendo a única fronteira, a cidade de
Pacaraíma sofreu com o alto fluxo de pessoas, o que levou o ACNUR a decretar
emergência de nível 1, em 2017, ou seja, o Brasil não possuía recursos e nem pessoal
para lidar com a situação.
Diante disso, em 2018, foi criada a Operação
Acolhida, a resposta humanitária do governo brasileiro em parceria com agências
da ONU, organismos internacionais, organizações da sociedade civil e entidade
privada, para oferecer assistência emergencial a refugiados e migrantes
venezuelanos.
A Operação Acolhida oferece orientação,
identificação, imunização, cadastro e regularização da situação migratória,
emissão de CPF, carteira de trabalho, alimentação, proteção, segurança, saúde,
atividades sociais e educativas aos venezuelanos.
A estratégia de interiorização, possui quatro
vertentes: 1 - abrigo institucional; 2 - reunião familiar; 3 - reunião social;
e 4 - vaga de emprego sinalizada.
Há muitos venezuelanos em Presidente Prudente.
Segundo dados da Secretaria de Assistência Social, até 2022, eram 73
venezuelanos e 32 haitianos registrados no CadÚnico.
O Projeto Semear foi criado em 2020 para auxiliar
famílias de imigrantes e refugiados em Presidente Prudente. Hoje o projeto
conta com 62 famílias, originárias da Venezuela, Haiti, Cuba e Colômbia. E, há
famílias esperando para participar do projeto.
O Semear oferece aulas de português, auxílio na
elaboração de currículo e têm uma parceria com o balcão de emprego do Município
que facilita o ingresso da população no mercado de trabalho. Fornece cesta
básica e auxílio financeiro às famílias.
São realizadas diversas ações com o intuito de
arrecadar recursos para o projeto e, assim, atender mais famílias, como a venda
de strogonoff, feijoada, espetinho, além de receber doações de empresas e pessoas,
que dedicam seu tempo ao projeto.
Diante do exposto, nota-se que os números
divulgados pela prefeitura não expressam a realidade dos estrangeiros em nossa
cidade, isto porque o poder executivo do município só registra aqueles que o
procuram ou que se encontram em situação de rua. Caso o migrante possa se
manter sozinho ou receba auxílio de outro projeto social, não é registrado.
Uma solução seria um cadastro unificado de
estrangeiros, inclusive dos que não dependem dos órgãos públicos, para saber a
real quantidade de migrantes venezuelanos e de outras nacionalidades em
Presidente Prudente, e assim prestar um auxílio adequado e efetivo a essa
população.
Autor (a):
Maria Fernanda de Toledo Pennacchi Tibiriçá Amaral
Bacharel em Direito pela Toledo Prudente. Pós-graduada em Direito Tributário pelo IBET/Toledo Prudente. Mestranda em Sistema Constitucional de Garantias, pela ITE/CEUB. Supervisora de Prática Profissional do Núcleo de Prática Jurídica da Toledo Prudente.