Opinião
A velocidade da comunicação
23/07/2021
Pode ser que você ainda não me conheça, mas, eu já, e posso provar. Você é leitor deste jornal? Ponto para mim! Nos últimos meses, você se sentiu sozinho, com fome, ansioso ou extremamente cansado? Mais um! Por mais que faça, você continua com a sensação de estar sem tempo? Estou levando de goleada.
Obviamente, que o intuito aqui não é ressaltar meus poderes nada sobrenaturais, mas, sim, o quanto estamos no mesmo barco. Se falta tempo para o lazer e o essencial, como fica a comunicação?
Recentemente inaugurada, a atualização no WhatsApp que permite acelerar áudios foi muito comemorada. O Youtube também permitiu que seus usuários acelerassem os vídeos. O Instagram faz tanto sucesso justamente por mostrar fotos por quinze segundos e o Twitter, arrisco afirmar, que caiu nas graças por resumir tudo em 140 caracteres. Se você é “memeático”, certamente, já encheu a sua timeline dos “sem tempo irmão” ou “já amanheci cansada”.
Porém, o que temos a comemorar?
Criado pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, o conceito de sociedade do cansaço nos faz refletir sobre os motivos de estarmos felizes com esses recursos e, ao mesmo tempo, nos questiona sobre noites bem-dormidas já não suficientes para eliminar o cansaço do nosso corpo e mente.
Esse sentimento, atrelado a uma falta de tempo constante em meio a tantas atividades, está levando desenvolvedores de softwares e aplicativos a criarem recursos capazes de nos fazer ganhar tempo e “cansar menos”.
Segundo o filósofo, normalizamos esse excesso de cobrança por alta produtividade e alta performance, que tem como pano de fundo uma vida feliz e exposta nas redes sociais. São esses fatores que têm afetado a nossa saúde mental.
Também há o excesso de estímulos, informações e impulsos que modificam radicalmente a nossa atenção e nos fazem adotar uma posição de alerta e prontidão.
Então, devemos abrir mão destes recursos? Se fizer isso, precisarei escrever outro artigo sobre o quanto não aproveitamos os que temos disponível. Todavia, ao usar, perceba o quanto há de você naquela tarefa, sem deixar de pensar no seu tempo e atenção.
Autor (a):
Paulo Sereguetti
Supervisor de Comunicação e Marketing da Toledo Prudente Centro Universitário e discente no curso de Psicologia.