Opinião
Os 5 sentidos e a cozinha japonesa
07/10/2021
O Brasil tem a maior colônia de japoneses fora do Japão, por este motivo, a cultura japonesa tornou-se parte do cotidiano, principalmente a culinária, que “caiu no gosto” dos brasileiros. Por trás desta cultura milenar, há uma filosofia que serve de guia para execução de certos rituais, e um deles é sobre o ato de cozinhar.
A sazonalidade é um dos princípios fundamentais na culinária japonesa, pois acreditam que a natureza oferece o melhor de cada ingrediente na época certa, e cabe a quem cozinha valorizar o sabor do ingrediente fresco, sem mascará-lo ou descaracterizá-lo, apenas elevando o nível daquilo que a natureza proporciona.
Outro importante pilar refere-se aos cinco sentidos, em que um prato deve ser apreciado por meio de todos eles para uma experiência completa. O olfato e o paladar são essenciais na degustação de um prato, o aroma e o sabor de cada alimento que impacta no primeiro momento, juntamente com a visão, a estética e apresentação.
Quanto ao tato, a textura dos alimentos é percebida de acordo com a cocção utilizada, e a forma e a textura das louças escolhidas na apresentação do prato também têm grande importância.
E, por fim, citando a audição, os diferentes tipos de cocção dos alimentos (cru, cozido, frito, ao vapor, assado e grelhado) resultam em experiências auditivas diversas no preparo e degustação.
Vale ressaltar que o pilar dos cinco sentidos é tão essencial que foi base também para o movimento revolucionário da Nouvelle Cuisine, que foi caracterizada pela busca por ingredientes frescos, o minimalismo nas apresentações, o uso de louças individuais e de porcelana para servir, a adoção da cocção rápida em detrimento de cocções longas, e a diminuição do uso de gordura nas preparações, fundamentos originais da cozinha japonesa.
Deste modo, a culinária japonesa não deve ser resumida apenas em sushi e sashimi. Por trás dela, há pilares importantes que são levados em conta para qualquer tipo de prato, desde a comida do dia a dia à sofisticada.
Autor (a):
Vanessa Sakotani
Professora do curso de Gastronomia da Toledo Prudente.