Opinião

Mediação, a arte de estar entre

14/10/2021

Os profissionais do futuro devem estar preocupados com o processo formativo que envolva o desenvolvimento de habilidades que preparem para a solução de problemas. Uma das 10 principais habilidades divulgadas pelo Fórum Econômico Mundial é a solução de problemas, que envolve o Pensamento crítico, analítico e inovador; a Resolução de problemas complexos; a Criatividade, originalidade e iniciativa; e o Raciocínio, resolução de problemas e ideação.

Nem sempre problema é sinônimo de conflito, apesar de os conflitos podem traduzir-se em um problema, mas a ideia central é mesma quando se colocam as duas expressões juntas, talvez aqui com a ênfase que recaia sobre a solução, seja do problema ou do conflito. As empresas buscam pessoas preparadas para pensar, ter ideias, inovar e solucionar. Pessoas dinâmicas, autônomas, que saibam ler o cenário ao redor e que invistam no processo de lifelong learning (o aprendizado contínuo durante a vida) que não se esgota com a formação acadêmica, mas perdura por toda a vida.


Na área da sociologia há quem defenda a funcionalidade do conflito na vida social e, por isso, ter habilidades negociais ou de gestão de conflitos é fundamental, pensando especialmente que não se pode evitar que os conflitos ocorram. O grande segredo é a gestão deles. Nas atividades jurídicas de advogados e outras carreiras jurídicas, na gestão de equipes e processos, em uma sociedade empresarial, ou nas relações comerciais e da vida, as pessoas precisam saber como gerir adequadamente seus conflitos.


O advogado do futuro, por exemplo, segundo o Ministro Luis Roberto Barroso, não é aquele que propõe uma boa demanda, mas aquele que a evita. Nem sempre as pessoas conseguem fazer isso porque muitas vezes estão envolvidas emocionalmente e não conseguem separar seus interesses das suas posições em razão do bloqueio dos canais de diálogo e de comunicação. William Ury, cofundador do Programa de Harvard de Negociações e autor de livros “Como chegar ao Sim” e “Como chegar ao sim com você mesmo” afirma que o primeiro passo para negociar é ouvir o outro lado. A escuta pode ser muito difícil quando a pessoa se encontra em um estado de emoções e sentimentos que geram desconforto, confusão e poucas possibilidades de abertura para o diálogo.


A cultura da paz e da comunicação não violenta são imprescindíveis para alcançar as habilidades necessárias na solução de conflitos. No dia 23 de setembro comemora-se no Estado de São Paulo o dia do Mediador de Conflitos. Esse profissional exerce uma atividade técnica que exige formação ampla em diversas áreas, passando por aspectos legais, sociais, psicológicos, antropológicos e de comunicação porque tem como atribuição a facilitação do diálogo de pessoas que se encontram em conflitos sem conseguir viajar pelo canal do diálogo e da comunicação. Muitos acreditam que são mediadores, mas essa atividade requer conhecimento de técnicas, ética, confidencialidade, postura durante as etapas, estudo contínuo sobre conflito, e sobretudo muita prática (treino).


O mediador não é juiz e nem sugere soluções, ele precisa desenvolver a capacidade de acessar o lugar vazio, nas palavras de Dulce Nascimento, para que consiga estar na reunião de mediação para auxiliar e facilitar a construção de canais de diálogo sem que isso lhe retire a capacidade de ser imparcial; o profissional deve estar ali para assegurar a igualdade, o acolhimento e a empatia. Como é importante a melhor compreensão da profissão de mediador de conflitos seja ele atuante na esfera judicial ou privada! Parabéns a todos mediadores que lutam pela paz e pela gestão e solução de conflitos.  


Autor (a):
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Luis Fernando Nogueira

Professor do curso de Direito e coordenador de Super Experiência da Toledo Prudente Centro Universitário.