Opinião
A pandemia e o mercado financeiro em ascensão
17/09/2020
O ano de 2020 certamente ficará reconhecido pelo ano da pandemia da Covid-19: as consequências nefastas geradas em diversos âmbitos trouxeram preocupações jamais esperadas dentro de uma Economia que já vem de alguns anos de crescimento pequeno ou mesmo de queda no Produto Interno Bruto. A decretação da situação de pandemia por parte da OMS em 09 de março de 2020 parecia algo de outro mundo. Aos poucos, o isolamento social, o home office e mudanças de hábitos incentivaram muitos brasileiros a estudarem mais, já que muitos cursos online foram disponibilizados em diversas áreas.
No âmbito econômico, ao tempo em que o tão sonhado crescimento se convertia em recessão, ficava patente tendência de queda na taxa básica de juros. Hoje, chegamos a uma SELIC de ínfimos 2% ao ano e uma certeza: é preciso diversificar as carteiras e partir para a renda variável.
Os fatos caminham no mesmo sentido: segundo o Jornal Valor Econômico, o número de pessoas físicas com conta aberta na B3, Bolsa de Valores brasileira, se aproximou ainda mais dos 3 milhões em agosto de 2020. Cabe lembrar que o primeiro milhão de pessoas físicas com contas na B3 foi atingido somente em julho de 2019, sendo que aproximadamente 900 mil CPFs se cadastraram entre março e julho de 2020, a maioria formada por investidores com idades entre 16 e 45 anos.
Trata-se de uma nova geração de investidores, a qual está muito mais focada em estudar antes de investir, mantendo o enfoque no longo prazo e nos reinvestimentos dos resultados obtidos. Aos poucos, o consumo imediato de toda a renda vai perdendo força entre os jovens, movimento estimulado pela briga entre corretoras e bancos digitais por menores taxas e pelo ganho no número de investidores.
Concluímos, assim, que dentre tantas consequências negativas da pandemia, a educação financeira e o enfoque nos investimentos ganham espaço entre os brasileiros, movimento que vem a fortalecer o mercado financeiro e a desmistificar a ideia de que a renda variável é exclusiva da população de alta renda. Que possamos assim prosseguir mesmo após esse difícil momento cessar.
Autor (a):
Fernando Martinez Húngaro
Professor dos cursos de Negócios da Toledo Prudente Centro Universitário